quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Quem não arrisca não petisca (e quem arrisca também não, às vezes)

(Calma, você vai entender esse print ridículo)

“Quem arrisca não petisca”. É fãcil pra sua mãe (tio, avó…) dizer isso e simplesmente te deixar lá, pra dar todos os passos que precisam ser dados e, ainda assim talvez, não chegar em lugar nenhum. A frase é totalmente verdadeira, entretanto. Ela é o mesmo que o igualmente idoso “você nunca vai saber se não tentar” e o “ninguém ganha na loteria se não apostar”, e eu tenho certeza que devem haver outros que não lembro, mas já deu pra pegar a ideia.
Parece simples, mas pra quem não é acostumado a arriscar, como eu, existem lados perversos da moeda. Vamos para um exemplo extremamente babaca e sem importância para a sociedade atual, mas que me incentivou a pensar sobre o assunto: uma banda da qual eu gosto muito e que me inspira bastante avisou há uns dois meses que lançaria uma espécie de clipe usando uma compilação de vídeos que os próprios fãs mandariam dublando a música. Eu me empolguei de cara, mandei o vídeo, mesmo odiando ter de deixá-lo público no youtube (eu só gosto de alguns segundos dele, o resto revela toda a minha capacidade como atriz: zero, nenhuma, negativa, até, eu diria), mas sei lá, seria tão legal participar de um vídeo dos caras que valeria à pena mesmo se eu aparecesse me mexendo feito um babuíno. Com o tempo, eu passei a ficar mais confiante de que poderia mesmo aparecer, tinham pouquíssimas submissões muito boas, geralmente se a pessoa “atuava” bem, a qualidade da câmera era horrorosa, ou então ela gravava com o celular “em pé” (por favor: SÓ NÃO), e se a qualidade da gravação era boa, a pessoa mal mexia a boca… Eu estava ali, naquela qualidade bem mediana, nem dá vontade de aplaudir, nem de vomitar (pelo menos eu acho, mas prefiro não perguntar).
Mesmo odiando ser gravada, eu arrisquei, e estava praticamente certa de que iria petiscar. Nem precisa dizer que não apareci, né? Eu assisti o vídeo inteiro numa mistura de “cadê eu?” com “porque que os mais interessantes estão em miniaturas e os mais bizarros em destaque?” e depois fiquei me perguntando porque eu tirei as coisas do meu quarto do lugar pra usar a única parede branca que tinha, e depois gastei meu tempo regravando aquele negócio sete vezes e depois ainda paguei o ridículo de acreditar que iam pelo menos se dar ao trabalho de escolher os vídeos mais bem feitos.
Arriscar às vezes cansa, e não petiscar depois de tudo isso, pra muita gente dá um desânimo enorme, e muitas vezes, dá medo de arriscar novamente. E o que eu encontrei nessa história boba da minha vida… Bom, na realidade o que eu não encontrei foi a resposta pra seguinte pergunta: o que pode me motivar a arriscar novamente, se é muito mais fácil eu permanecer nessa zona de conforto na qual eu já passei 80% da minha vida? Sim, eu estou completamente ciente de que a vida tem muito mais surpresas, risadas, histórias interessantes, cicatrizes em formatos engraçados e empregos divertidos e não convencionais quando você está do lado de LÁ da linha do conforto. Mas enquanto eu olho do lado de CÁ da linha e lembro que os 20% da minha vida vividos fora daqui foram meio sofridos e muitas vezes não pareceram valer à pena o trabalho, é muito difícil levantar a bunda dessa cadeira giratória tão agradável.
Eu posso dizer pra mim mesma que o vídeo serviu pra eu perder um pouco do meu desconforto em estar na frente da câmera, e às vezes essas pequenas coisas (pequenas, mas verdadeiras) serão suficientes para que eu me justifique de que o trabalho de arriscar não foi exatamente tempo perdido. Outras vezes não vai adiantar, e eu vou querer achar defeito em tudo que não deu certo pra mim e chamar de sorte tudo que deu certo pros outros (ninguém é legal o tempo todo, desculpa), mas o importante é, depois de tudo, saber que do outro lado da linha NADA é totalmente em vão. (Espera, eu acho que isso é a resposta praquela pergunta!!)
Luana Rôla

E só para provar que eu (supostamente) não guardo rancor algum, aí está o vídeo que ficou bem legal apesar de ter partido meu coração com minha não aparição