segunda-feira, 27 de abril de 2015

Uma teoria aos 13, uma música aos 21, e todos pensamentos que resultaram

Eu lembro de quando eu tinha uns 13 anos, algo assim, em um desses dias que eu chegava para falar com minhas amigas com uma expressão desafiadora no rosto, querendo mostrar algo que as fosse surpreender, e em uma dessas vezes eu perguntei a cada uma delas “qual o contrário do amor?”, ao que elas respondiam um pouco desconfiadas que era o ódio, não era? Ai então que eu respondia que não, e revelava que quando há ódio, o indivíduo pelo menos “se importava” de sentir ou desejar algo para o outro, ainda que esse algo fosse negativo. O contrário dessa coisa explosiva chamada amor seria, pasmem, a indiferença, com todo o vazio de importância que ela implicava de uma pessoa para outra. É óbvio que eu tinha ouvido ou lido isso em algum lugar, mas minhas amigas ficaram com certeza intrigadas com toda essa sacada, e eu considerava que eu havia aprendido uma grande revelação com aquilo. Bom, talvez eu tivesse.
Hoje, com mais de 20 anos de sacadas maiores e menores do que essa, e quase uma década depois do ocorrido, enquanto eu ouvia uma música pela provável milésima vez, eu finalmente vi como ela orna com toda essa teorização tão “teenager orkutiana” que eu tive todo esse tempo atrás. A música é narrada por alguém que não é nem remotamente capaz de retribuir os sentimentos de um outro alguém, que o ama profundamente. Esse tal narrador chega a dizer que os aqueles “olhos azuis só poderiam encontrar os meus numa sala cheia de pessoas menos importantes que você”. Com isso, eu passei a racionalizar como essa espécie de asco que o narrador sente pela tal criatura apaixonada foi motivação suficiente para que uma música fosse escrita a respeito de toda a situação. Tantas vezes, na história desse mundo enorme, o amor, o ódio e alguns sentimentos mais intermediários foram as inspirações para tantas músicas, histórias, ações e reações... Mas quantas noites você já passou acordado por conta de uma pessoa com que você não se importa nem pensa a respeito? Não precisa nem parar pra pensar pra ver que não faz o menor sentido.
E é exatamente isso que me faz sentir um estranho por dentro, sabe? Porque hipoteticamente daria pra perceber os pares de olhos que estão desesperadamente desejosos de cruzar com os meus, e eu poderia notar os olhos que me evitam fortemente, ou que rolam de desgosto quando encontram com os meus, porém existem também aqueles olhos que não se demoram nem uma fração de segundo a mais ao cruzar com os meus. Os últimos parecem a mim extremamente temidos agora, porque mesmo na música, se ninguém mais importante aparecesse no lugar, os olhares do narrador e do apaixonado teriam a chance de se cruzar, mas nessa ultima situação não, os olhos que não se importam (ou o coração e a mente por trás deles) nunca vão me dar uma canção, nem de amor, nem de repulsa, eles não vão dar uma reação sequer até que se importem o suficiente comigo para tal. E mesmo com todas essas teorias que eu tinha quando era criança (apesar de que eu preferia o termo “pré-adolescente”), eu acabei chegando a ser quem sou hoje com um medo de estar “fria” ou “quente” demais para o gosto dos outros, sem perceber, até agora, que o que é “morno” nunca consegue ser “incômodo” o suficiente para sequer ser notado por quem está ao redor.

(Nota de apelo: não sou a favor do ódio, do asco, nem da repulsa e todas essas coisas "lindas" só por que eu estou dizendo que às vezes isso dói menos  que a indiferença, ainda é feio, gente) ;)

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