quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Insônia

          É enlouquecedora a sensação de querer tanto algo, de forma que o desejo te paralisa e te impede de dar qualquer passo que te ponha mais perto disso. E quando é noite e você pensa que o sono vai levar e lavar sua mente por pelo menos aquelas poucas horas, é naquele exato momento que a sua cabeça insiste em trabalhar a 160 km/h, se tornando tão efusiva e perturbadora que você perde até o mínimo direito de piscar. Fechar os olhos para dormir, então, é um luxo quase impossível, apenas conquistado quando se é conhecido todo um novo nível de "vencido pelo cansaço".
          E eu tenho um verdadeiro medo que essa espécie de auto boicote me deixe tão atarraxada ao chão onde eu estou agora, que eu não seja capaz de ir a nenhum dos locais em que desejo ir. Que tipo de sistema é esse que trava bem na hora que eu mais preciso? Parece tão simples a pequena sinapse que leva um dedo a clicar o mouse para enviar uma inscrição que pode mudar sua vida, mas ainda assim, o clique não sai. E várias horas depois, naquele horário em que a gente não sabe bem se ainda é noite ou se já é dia, essa mesma sinapse, que se recusou a acontecer uma simples vez, acontece de forma repetida, e quase doentia, se tornando um texto de desabafo e de narração de fracassos, que provavelmente não vai ser lido por ninguém.
          Eu só queria saber o feitiço que me desvencilha dessa âncora que eu reluto ser parte de mim, porque eu estou sempre entrando no ciclo vicioso de que a solução para o meu medo é me mover, mas na hora que eu tento fazer isso, é o mesmo medo que me paralisa.
          Talvez olhar o relógio às 04:04 (não sei se "da manhã" ou da "da madrugada") seja um alerta de que passou da hora de eu mergulhar nessas palavras ilusórias, e voltar a, sem sucesso, tentar dormir. Talvez "amanhã" eu consiga acordar antes das duas e, talvez, e só talvez, consiga sair, um milímetro que seja, desse mesmo lugar.

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